O Caminho Para Fora da Caverna

Passei anos acreditando que carregava o peso do mundo nos ombros. Não porque eu escolhi, mas porque, de alguma forma, fui colocado nessa posição. Sempre tive a sensação de que, se eu soltasse tudo, tudo desmoronaria. Mas agora percebo que existe uma grande diferença entre ser o alicerce de algo e ser a prisão de si mesmo.

Por muito tempo, fui o pilar da minha família, da minha filha, das pessoas ao meu redor. Isso me deu um propósito, mas também me roubou a liberdade. Não estou falando daquela liberdade ingênua de quem simplesmente quer fugir das responsabilidades, mas da liberdade de existir sem que cada escolha minha seja medida pelo impacto que terá nos outros.

E essa consciência traz um dilema cruel: quanto mais eu avanço para fora dessa prisão invisível, mais me deparo com as marcas que ela deixou em mim. O medo do vazio, a dúvida sobre quem eu sou sem essa armadura de obrigações, e o receio de descobrir que, sem esse peso, eu não tenha mais identidade.

Mas há uma verdade que começa a se formar diante de mim: toda a minha vida, fui condicionado a acreditar que meu valor estava no que eu fazia pelos outros. Nunca me perguntaram quem eu queria ser. Nunca me disseram que eu poderia escolher. Mas agora, pela primeira vez, eu me permito pensar nisso.

Se eu escolher sair da caverna, o que vou encontrar do lado de fora? Isso ainda não sei. Mas sei que ficar dentro dela não é mais uma opção.

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