O Reflexo no Espelho

Olhar para trás é sempre um risco. Mas, às vezes, é necessário. Não para me perder no que já passou, mas para entender como cheguei até aqui. Cada escolha que fiz, cada caminho que tomei, cada momento de dúvida… tudo isso moldou quem eu sou agora. Mas será que esse reflexo no espelho sou realmente eu? Ou sou apenas o resultado das expectativas dos outros, das obrigações que assumi sem questionar?

A verdade é que sempre carreguei responsabilidades que não eram apenas minhas. Assumi papéis, cuidei de pessoas, segurei o peso das situações porque parecia ser o certo a se fazer. E talvez fosse. Mas agora, quando olho para mim mesmo, percebo que me perdi em algum ponto. Me pergunto: quem sou eu além das obrigações? O que sobra quando o dever não está gritando no meu ouvido?

Olhando para o espelho, vejo alguém cansado, mas resistente. Alguém que carrega marcas de batalhas silenciosas. Mas também vejo alguém que ainda tem perguntas sem resposta, que ainda busca entender até onde vai sua própria essência e onde começam os reflexos dos outros.

Eu me acostumei a ser um pilar. Mas pilares não escolhem, eles sustentam. E se, por um instante, eu soltasse tudo? Se eu deixasse o peso cair? O que aconteceria? O mundo desmoronaria ou eu finalmente veria quem sou sem as estruturas que me cercam?

Talvez essa seja a pergunta que mais me assombre: se eu me despir das obrigações, ainda serei eu? Ou serei alguém que nunca conheci?

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