Entre Dois Mundos

Se tem uma coisa que eu percebi ao longo da minha vida, é que vivo entre dois mundos. Não falo só da escolha entre dever e liberdade, mas de algo mais profundo: a divisão entre o mundo visível e o invisível, entre o material e o espiritual.

Desde pequeno, sempre tive uma conexão forte com o que não pode ser explicado de maneira lógica. Não sou do tipo que simplesmente acredita no que vê—eu sinto. Sinto quando o ambiente está carregado, quando há algo além das palavras, quando a energia de um lugar ou de uma pessoa diz mais do que qualquer discurso bonito. Mas, ao mesmo tempo, vivo em um mundo que exige resultados concretos. Que exige dinheiro, contas pagas, estabilidade.

E é aí que surge o dilema. Porque toda vez que eu tento focar no lado espiritual, o material parece desmoronar. E quando tento focar no material, sinto que estou traindo algo dentro de mim. Como se estivesse me afastando de um chamado maior. Como se, ao escolher um, estivesse negando o outro.

Muitas vezes me pergunto: será que existe um equilíbrio? Será que dá para caminhar entre esses dois mundos sem ter que abandonar um deles? Ou será que o próprio equilíbrio é uma ilusão e, no fim, eu preciso escolher qual caminho seguir?

Sei que não sou o único que sente isso. Muita gente se vê dividida entre o que precisa fazer para sobreviver e o que sente que nasceu para fazer. Entre o que o mundo exige e o que a alma pede. Talvez a resposta não seja escolher um lado, mas aprender a dançar entre os dois. Ou talvez a resposta ainda não tenha chegado para mim.

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